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Frases Célebres

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Perseguir a Verdade.


Sempre tive uma obstinação pela verdade, por isso, a história de minha vida tem sido marcada pela constante perseguição desse ente abstrato, tão importante e, ao mesmo tempo, tão negligenciado pela maioria das pessoas.
Mas o que significa, na prática, perseguir a verdade?
Ao contrário do que muitos possam pensar, é algo que transcende em muito a simples aquisição de conhecimentos, embora o conhecimento em si seja um poderoso instrumento na execução da tarefa.
Nossa vida, desde sempre, é pontuada por tomadas de decisões, por posicionamentos que temos de assumir, por atitudes que temos de tomar e que acabam por determinar o rumo que seguiremos. Definitivamente não somos vítimas passivas das circunstâncias, antes, somos sujeitos de nosso próprio destino em cem por cento dos casos. Isso mesmo, cem por cento, porque até mesmo aquele que acerta as seis dezenas tem que ter , em dado momento, tomado a decisão de registrar o jogo.
Sucede que o mundo se encontra repleto de indivíduos que estão a todo momento dispostos a vender ilusões, a semear pequenas ou grandes mentiras, a negociar com a boa-fé ingênua, com a displicência ocasional e habitual, ou ainda com a ignorância completa das diversas categorias de incautos.
Perseguir a verdade é o mais seguro e eficiente meio de nos imunizarmos contra as investidas dos enganadores, quaisquer que sejam eles, bem como de tomarmos em nossas próprias mãos o leme de nossos destinos. Como fazer isso, também depende de uma tomada de posição, de uma atitude positiva nesse sentido.
O mundo físico possui leis objetivas e fenômenos perfeitamente cognoscíveis. Esse conhecimento produz uma consciência da estabilidade do mundo natural, bem como da irrevogabilidade de suas leis. Essa consciência nos torna aptos a interagir positivamente com o mundo e a entender que mesmo os fatos aparentemente mais estranhos e inusitados possuem uma explicação lógica. Não existem milagres, mágicas, fatos sobrenaturais. Tudo é natural, tudo é objetivo, tudo obedece a leis precisas. Se ainda não temos explicação para um determinado fato, é que ainda ignoramos a lei que o rege.
No atual estágio de evolução de nossas ciências, quase todos os fenômenos físicos já foram estudados, catalogados e dados a conhecer ao público. Logicamente não podemos pretender conhecer tudo sobre tudo, mas podemos e devemos preservar uma atitude racional que, diante de um fato aparentemente sobrenatural, nos alerte para a existência de uma explicação lógica. Não se trata de ceticismo metódico, trata-se de exercício da inteligência.
Já no mundo social ou humano, a busca da verdade não é tão simples, ou pelo menos tão prática. É que as leis que regem as ciências humanas não são tão rígidas e consistentes como as das ciências naturais. Aqui, além da observação e da experimentação, abre-se espaço para a interpretação, para a inferência e – o que é impossível nas ciências naturais – as regras convivem pacificamente com as exceções.
No mundo da ciência humana é preciso conhecer, classificar e julgar os fatos, saber reconhecer tendências e padrões, assimilar conceitos e saber empregá-los em conformidade com os fenômenos; entender que nesse universo a constatação se permite substituir pela interpretação. Fazer isso certamente não é simples, mas é possível. Exige atenção e discernimento, mas tanto quanto reconhecer caracteres genéticos hereditários, é possível reconhecer traços de influência do meio cultural.
Com um pouco de treino e disciplina aprendemos a extrair uma considerável dose de objetividade a partir da análise das subjetividades e, com o tempo nos tornamos capazes de identificar as verdades, as meias verdades e as mentiras.
É necessário questionar, interrogar, estar atento para eventuais incoerências e contradições; é necessário confrontar opiniões e buscar a lógica subjacente às diversas interpretações; é necessário colocar as interpretações em confronto com os fatos e ter sempre em mente que é possível contradizer ou negar essas interpretações, mas nunca os fatos em si.
Tudo isso demanda tempo, trabalho, atenção e, no mais das vezes tende a nos tornar excessivamente críticos e, de certa forma, um tanto desiludidos com as convenções sociais e com o comportamento dos humanos em geral, mas tem o inquestionável mérito de nos individualizar, de afirmar nossa essência de pessoas, livrando-nos da incômoda condição de títeres e afastando-nos da abiose da mediocridade.

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