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Frases Célebres

terça-feira, 8 de maio de 2012

A Concepção de Deus - Salvacionismo X Evolucionismo


A Concepção de Deus – Salvacionismo x Evolucionismo.

Erroneamente as religiões e até mesmo a ciência tem colocado a religião no campo dos artigos ligados exclusivamente à afetividade do ser humano. Isso não é correto; mormente no estágio de desenvolvimento intelectual em que se encontra a humanidade.
Essa equivocada visão, inclusive, tem servido de instrumento para manipuladores das crenças alheias se manterem em posições de destaque, locupletando-se em nome de Deus e de uma suposta fé. Isso porque, se, por um lado, as pessoas têm pouco controle sobre sua afetividade, por outro lado, esse campo é bem mais fácil de ser manipulado por terceiros. A emoção é um fenômeno produzível.
É necessário que se façam algumas distinções, a fim de que bem se possa entender o que se quer dizer ao afirmar-se que a religião não se encontra no domínio exclusivo da afetividade:
Primeiramente deve-se distinguir o sentimento de Deus da convicção religiosa. O primeiro é inato. Sabe-se que desde os primórdios o homem manifestou o sentimento de uma força superior capaz de controlar seu destino. A convicção religiosa, contudo deve decorrer de um profundo ato de reflexão e passar sempre pelo crivo da razão. Em outras palavras: está no domínio cognitivo. Quando não é assim, enveredam-se quase sempre, alguns pela indiferença, outros pelo fanatismo.
A fim de dirimir qualquer conflito, deve-se assinalar que o ateísmo não é uma manifestação inata como a crença. O ateísmo decorre necessariamente da reflexão e de um argumento materialista que, na mente de alguns, se sobrepõe ao sentimento inato de Deus. Em outras palavras: ninguém nasce ateu, mas muitos, fundados em critérios racionais, sufocam a tendência a crer.
Tudo considerado, pode-se afirmar, numa perspectiva racional, que o cerne, o núcleo, de qualquer convicção religiosa é Deus. A prática de uma religião só terá sentido para qualquer pessoa, se essa pessoa acreditar em Deus
Assim é válido afirmar que, ao buscar uma religião para si, o indivíduo deve se propor duas perguntas fundamentais. A primeira é: “eu acredito em Deus?” Em sendo afirmativa a resposta, vem então a segunda: “se acredito, como eu O concebo?”.
Observe-se que existe uma diferença profunda de natureza nas duas perguntas. Ao se perguntar se acredita em Deus, o indivíduo está consultando sua natureza emocional, seus impulsos imotivados inatos. Em contrapartida, ao se perguntar como O concebe, o indivíduo está consultando sua natureza racional, suas concepções filosóficas de mundo. É razoável, então, afirmar que da primeira pergunta provem a decisão de ter uma religião, mas da segunda decorre a decisão sobre que religião será essa.
Considerando o leque das religiões hoje existentes de modo significativo no planeta – e ressalvada a hipótese de haver algumas que eu desconheça completamente – pode-se classificar todas elas – tendo por critério a concepção de Deus – em salvacionistas ou evolucionistas.
A opção consciente do indivíduo por uma das duas tendências decorre necessariamente de sua concepção de Deus, pois é Ele quem está no centro de todo o contexto religioso. Ninguém decide praticar uma religião salvacionista, se não conceber um Deus autocrático, da mesma forma que ninguém opta por uma religião evolucionista se não concebe um Deus justo.
Não é objetivo deste artigo confrontar as duas tendências, nem mesmo defender uma ou outra. Até, pelo contrário, diante do que aqui se diz, fica mais patente a inutilidade das contendas religiosas e das tentativas que muitas vezes se faz de converterem-se as pessoas. A escolha religiosa decorre de uma opção filosófica diante da vida e uma efetiva conversão demandaria, antes de mais nada, uma profunda transformação dessa opção filosófica.

KARDEC, Allan. O céu e o inferno.58ª ed. Brasília, FEB, 2005

________ O livro dos Espíritos. 1ª ed. comemorativa do sesquicentenário. Brasília. FEB, 2006

MOTA, Eliseu f. Júnior. Que é Deus. 2ª ed. Matão SP. Editora O Clarim, 1998.















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