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Frases Célebres

terça-feira, 19 de junho de 2012

Arraiá da Estupidez



E por estarmos em junho, lembrei-me de um assunto que vem me incomodando há algum tempo e que, por se situar no campo das coisas abusivas de nosso tempo, merece destaque nesse espaço.
Quem acompanha meus artigos e me conhece sabe de minha profunda aversão ao fanatismo (embora eu tenha o Botafogo em minha vida, mas isso é outra história) e a todas as mazelas a que ele inexoravelmente conduz. Pois é de algo assim que se vai tratar aqui.
Meu filho mais velho, quando ainda criança em fase de pré-escola, por iniciativa e teimosia da mãe, foi tirado da escola em que estudava – que tinha sido escolhida por mim – e levado para outra escola que eu então desconhecia e cujo nome vou obviamente omitir.
Em seu primeiro ano na dita escola, por volta do final do mês de junho, aconteceu uma festa intitulada “Festa das Nações”, com características muito estranhas, onde cada turma se encarregava de trabalhar as comidas típicas e outras particularidades de um determinado país.
Eu estive na festa, achei-a muito estranha, de bastante mau gosto e indaguei logicamente a razão de se estar promovendo tal evento, justamente no momento em que se deveria estar realizando uma festa junina. A resposta foi incisiva: “os donos da escola são evangélicos e, por isso, aqui não se realizam festas juninas.”.
Na época achei aquilo um tanto repugnante, mas deixei passar, até para não dar azo à minha fama de encrenqueiro. O problema é que, com o tempo, percebi que aquilo não era um fato isolado, mas uma tendência que começava a se firmar em inúmeras instituições de ensino, inclusive oficiais, por conta do “politicamente correto”.
Em episódio bem mais recente, estava matriculando meu filho caçula em uma nova escola, quando fui informado de que no mês de junho acontecia a festa das nações. Perguntei então se a escola era evangélica e obtive como resposta que não, mas que como havia muitos alunos evangélicos, se se fizesse uma festa junina essas famílias não iriam prestigiar. Meu filho foi matriculado em outra escola.
Ora, todos sabem que eu não sou católico, por isso não tenho qualquer motivo para fazer apologia aos artigos de fé do catolicismo. Mas eu sou brasileiro. E, como um brasileiro inteligente, entendo que meu país teve uma colonização católica e que as tradições de nosso povo em grande parte derivam da orientação religiosa da Igreja Católica. Posso escolher minha religião, mas não posso ignorar minhas origens. Festa junina, assim como carnaval, samba e futebol estão entre as mais legítimas e representativas manifestações de brasilidade. Eu, embora não aprecie carnaval, por exemplo, jamais pensaria em suprimi-lo, pois sei que sem ele o Brasil perderia identidade.
Além disso, já há muito que os festejos juninos perderam a característica de comemoração em honra de Santo Antônio, São João e São Pedro, para integrarem o folclore do país.
Como manifestação cultural, a festa junina remete a nossas origens, ao arraial originário de onde floresceu toda a civilização brasileira. Por isso entendo que aboli-la em nome do fanatismo religioso é um atentado contra a História e a tradição. Pior que isso, substituí-la por alguma pantomima de características “ianquizantes” é uma agressão à soberania, não do Estado, mas do povo brasileiro.
Entendo que as autoridades deveriam produzir lei obrigando toda e qualquer instituição educacional do país (as privadas funcionam sob concessão do Estado) a preservar manifestações assim entendidas como marcos da cultura e da tradição brasileiras.

No mais, Viva Santo Antônio! Viva São João! Viva São Pedro! Vou comer um bolo de mandioca (Mané pelado) e tomar um quentão. Êee trem bão çô!

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