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Frases Célebres

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Bisbilhotice, Bandalheira, Burrice...


Começou novamente. Sim, estou falando do BBB. Agora, durante alguns meses, teremos que voltar a conviver com o bizarro festival de futilidade, fatuidade, exibicionismo, voyeurismo e perversão que invade nossos lares todos os dias.
Logicamente temos o direito de apertar o botão do controle remoto e mudar de canal e o recurso da TV por assinatura contribui sobremaneira para não termos de assistir a essa deprimente e lamentável exibição de mau gosto explicito. Contudo, é difícil escapar da repercussão estrondosa do “programa”. Hoje mesmo, ao abrir meu navegador para acessar as primeiras notícias do dia, encontrei estampada na página de um dos maiores portais do país a notícia do beijo gay ocorrido na primeira festa na casa. Nem vou comentar o fato, pois esse merece um artigo à parte; prefiro usar esse espaço para expressar minha perplexidade ante a capacidade que a Globo possui de converter gente absolutamente inexpressiva e agudamente boçal em celebridade.
É certo que já convivemos no dia-a-dia com várias outras expressões do mesmo tipo, basta olhar para a maior parte dos artistas que protagonizam as novelas e igualmente para os jogadores de futebol. Nesses casos, entretanto, temos em primeiro plano o espetáculo em si: a dramaturgia, por mais pobre que seja, e o esporte. Mas no caso do BBB o que está em primeiro plano é justamente a invalidez intelectual dos protagonistas, e sabemos que aquilo ali é vida real, não são personagens, são pessoas (às vezes eu tenho dúvidas) reais, despidas de qualquer máscara, expondo durante vinte e quatro horas a sua indigência mental para uma legião de iguais indigentes que consomem ávidos as tramas e os diálogos imbeciloides – em que uns tentam derrubar os outros –, ilustrados por uma recorrente exposição de pedaços de carne humana sob a forma de músculos, seios e traseiros. O “programa” bem poderia se chamar Conspiração no Açougue.
Sempre me perguntei como algo tão sórdido pode, não só se sustentar, como também atrair a atenção de tanta gente, por tanto tempo. Que estranho fator pode conduzir, ou induzir, ou seduzir as pessoas a bisbilhotarem e se deleitarem com tamanha excrescência? Ainda não tenho uma resposta consistente, mas há algumas interessantes considerações que se podem tecer sobre esse estranho fenômeno. Vejamos:
Quando George Orwell criou a figura do “Grande Irmão”, em 1948, a chaga do nazifascismo ainda estava aberta, a Europa ainda estava enlutada e ele imaginou aquilo que lhe parecia o pior dos cenários: um mundo completamente subjugado pelo totalitarismo; pessoas vivendo sob a constante vigilância de um aparelho de estado que lhes tirava os mais elementares direitos, como o de pensar e desenvolver opinião livremente. Num tal cenário, as individualidades desapareciam e o mundo se via povoado por populações de verdadeiros zumbis, reproduzindo tão somente aquilo que o Grande Irmão lhes impunha. Qualquer tentativa de fugir a essa dominação era punida com a morte.
O que Orwell não imaginou foi que o Grande Irmão pudesse se estabelecer com tanto vigor num regime de liberdades democráticas, num estado de direito. É que pensar e desenvolver livremente opinião e senso crítico demanda muito mais que condições sociopolíticas favoráveis. A mediocridade é um parasita individual que se retro alimenta no coletivo. Assim, uma coletividade de medíocres tende a se reproduzir indefinidamente, como uma infecção e não há remédio para debelá-la. Esse é, provavelmente, o segredo do BBB. E não adianta culpar a Globo, pois ela não criou nada; ela simplesmente explora de forma oportunista a debilidade natural de nosso povo.

Um comentário:

  1. pai nem tudo na tv a cabo e para fugir do bbb,cerca de 5 canais na tv sao destinados so aos realyt shows como o seu querido e adorado programa de futilidades.

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