Todos certamente já ouviram a expressão “presente de grego”, referindo-se a algo que se ganha e que traz consigo algum tipo de problema ou aborrecimento.
Eu mesmo passei por isso recentemente, quando, ao chegar de viagem, descobri que meu filho de três anos havia ganhado na escola um peixinho daqueles dourados que vem dentro de um saco plástico. Obviamente, o menino tomou-se de amores pelo bicho. Minha esposa improvisou um vidro de maionese com água e foi assim que o encontrei quando cheguei.
Logo percebi o problema que tinha em mãos: mal chegara e já tive que ir para a rua comprar um aquário, comida de peixe, enfeites de aquário, enfim, toda a infra-estrutura necessária a proporcionar uma existência digna ao bicho. Depois, veio a obrigação de dar ração todos os dias, na hora certa, verificar se a água estava muito suja e me preocupar em saber se a oxigenação estava em níveis aceitáveis.
Valia a pena, só por ver o menino muito tempo parado na frente do aquário, conversando com o peixe e admirando seu bichinho de estimação.
Acontece que eu tenho outros bichos de estimação, entre eles três lindos gatos, e, definitivamente não foi possível explicar a eles com argumentos racionais que era necessário respeitar o peixe. Resultado: Um belo dia, saímos de casa e esquecemos de fechar a porta do quarto onde estava o aquário. Ao retornarmos encontramos uma cena de total destruição, exatamente onde um dos gatos havia passado alguns momentos se “divertindo” com o pobre peixe. Restaram-me a tarefa de explicar a meu filho mais esse fato da vida (ou da morte), além do consolo de saber que, enquanto foi possível, proporcionei ao peixe uma vida digna. Definitivamente, foi um “presente de grego”.
Mas, de onde vem a expressão?
Conta a epopéia de Homero que, na Guerra de Tróia, após dez anos de cansativos combates e diante do impasse que se estabelecera devido ao fato de o exército grego não conseguir romper as muralhas de tróia, consideradas inexpugnáveis, a deusa Atena teria dado uma idéia a Odisseu (também conhecido por Ulisses): Como os troianos eram fanáticos por cavalos e o cavalo era um símbolo da cidade, os gregos construíram um grande cavalo de madeira, utilizando material retirado de um de seus navios. O cavalo era oco e os gregos rechearam seu interior de soldados.
Após isso, entraram em seus navios e simularam uma desistência da guerra. O cavalo foi deixado na praia com um recado para os troianos de que se tratava de um presente de reconhecimento pela grandeza e poderio de sua cidade.
Os troianos levaram o cavalo para dentro das muralhas e fizeram uma sonora comemoração, regada a muito vinho. Enquanto isso, os gregos voltavam e procuravam se esconder, esperando o sinal de seus camaradas que estavam dentro do cavalo.
Quando a noite veio, a população da cidade, cansada das comemorações e em sua maioria embriagada, pegou no sono. Foi então que os homens que estavam dentro do cavalo saíram, abriram os portões da cidade e permitiram a entrada do grosso do exercito. Seguiu-se uma imensa destruição, uma bárbara pilhagem, a cidade foi completamente destruída e a maioria de seus habitantes assassinados.
Foi o saldo obtido por aquele vistoso cavalo, o primeiro, o original, o verdadeiro “presente de grego”. Essa é a origem da famosa expressão.
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