Quem já assistiu alguma daquelas bestiais produções holywodianas que, após o sucesso do primeiro filme, desembestam para uma sequência numerada (II, III, IV, V, VI...), exatamente como o antológico Sexta-Feira 13. Quem conheceu o Jason, com sua mente psicopática e sua sede de sangue, sabe que quem viu um daqueles filmes, viu todos. Na verdade só mudava o cenário, o roteiro era sempre o mesmo e o final também.
Pois é, ultimamente eu tenho me sentido exatamente dentro de um desses filmes. É que à medida em que o ano vai avançando, vamos nos aproximando do período eleitoral e o mesmo velho roteiro viciado começa a se descortinar ante meus olhos. O final eu já conheço e não é feliz: vença quem vencer, o Brasil é novamente dado em sacrifício e sangrado mais um pouco.
Desde 1994 temos assistido ao mesmo velho filme de terror, protagonizado por personagens rigorosamente iguais. De um lado, o neoentreguismo-liberalismo, sempre pronto a dilapidar o patrimônio da nação, para delírio das sanguessugas do primeiro mundo, ávidas pelo banquete que anteveem e que as empanturra quase ao ponto da indigestão.
Esse personagem conta com um discurso fluido, gramaticalmente ilibado, semanticamente ambíguo e ideologicamente falso. Desfruta de impecável poder econômico, representado pelo patrocínio das elites parasitárias e pelo investimento das multinacionais.
Promete modernidade, Estado mínimo e eficiente, instituições fortes, desenvolvimento e economia pujante. Ao final oferece Estado nulo, instituições falidas, corrupção e miséria.
Do outro lado, o neopopulismo-pseudo-social, sempre pronto a se lambuzar de poder e a distribuir fiascos diplomáticos e empregos para os amigos, tudo isso com uma generosidade como nunca antes na História desse país.
Esse personagem conta com um discurso gutural, gramaticalmente roto, semanticamente morto e ideologicamente órfão. Desfruta de um impecável poder econômico representado pelo patrocínio ... de quem mesmo? Pois é, esse é um componente de mistério no roteiro.
Promete Estado forte, justiça social, estabilidade econômica e atenuação da pobreza. Ao final oferece bravatas, bravatas, corrupção e bravatas.
Curioso notar que em ambos os casos existe um traço comum: corrupção. Mas não é só esse não. Em ambos os casos existe também uma vítima comum: a classe média, atacada impiedosamente pelos dois personagens, sangrada lenta e continuamente, até a exaustão.
Mas não pensem que eu estou preocupado. Mesmo sendo um típico cidadão de classe média, não me preocupo, porque já sei o que vai acontecer e, quando não se tem escolha, é melhor relaxar e esperar. Não, eu não vou dizer relaxar e gozar, porque o roteiro não é, nem de longe, erótico. Aliás, é de tirar o tesão. Mas é inexorável. Fazer o que?
Existe somente uma coisa que realmente me apavora. Ah, essa apavora mesmo, beira ao pânico. Sabem o que é? É que daqui mais alguns dias começa a propaganda eleitoral gratuita...
Com licença, vou vomitar e volto depois.
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