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Sem dúvida, uma das maiores (e provavelmente uma das únicas) vantagens que a idade nos traz é uma maior facilidade de perceber certas verdades ao nosso redor. Não me refiro, claro, a descobertas científicas; falo daqueles itens do cotidiano: a família, o trabalho, o círculo de amizades, os ambientes sociais que frequentamos, etc.
É que a experiência acumulada ao longo dos anos parece nos dar a chave para interpretar um grande número de códigos verbais e não verbais. Um olhar, um gesto, um sorriso, uma expressão facial, ou uma palavra, tomada dentro de um certo contexto, podem possuir significados muito mais amplos do que apresentam na aparência imediata.
Além disso, a idade parece nos prover também de uma maior sensibilidade para observar esses detalhes. Na juventude estamos sempre muito voltados para nós mesmos, prestamos atenção apenas em nossos próprios problemas; é como se o mundo ao redor existisse tão somente em função da nossa existência. Esse estágio perdura até o nascimento do primeiro filho.
Hoje, quando completo quarenta e seis anos, já consigo perceber essa “vantagem da idade” em minha própria vida. Dificilmente deixo de perceber aspectos sutis da realidade que me cerca. Às vezes tenho de ter cuidado para não interferir na privacidade das pessoas, para não invadir a área restrita da intimidade.
Isso me faz lembrar que já ouvi muitas referências a “velhos bisbilhoteiros” e hoje sei que, na maior parte das vezes, isso é uma injustiça. Digo “na maior parte”, porque alguns são bisbilhoteiros mesmo, mas de um modo geral o que as pessoas consideram bisbilhotice é, na verdade, a aplicação dessa faculdade a que me refiro.
Esse talvez seja aquele poder tão desejado por muitos: o de ler a mente. O problema é que nem sempre temos uma leitura divertida. De qualquer forma, pretendo aprofundar esse dom que os anos me concederam. Cuidado comigo!
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