Quem me conhece sabe que sempre fui um apaixonado pela Semiótica. Essa paixão se deve principalmente ao fato de que ela é talvez a única ciência que se aplica a todos os atos e fatos humanos, sem qualquer exceção.
Para quem não conhece, Semiótica é, a grosso modo, a ciência das significações. O ser humano é o único ser do reino animal capaz de produzir e interpretar símbolos. Por conta dessa capacidade imanente, é também o único capaz de estabelecer um processo de comunicação articulada, com referentes no passado, no presente e no futuro.É isso que faz de nós seres históricos.
Sucede que, diferente do que muitos pensam, a linguagem verbal não é o único sistema significativo de que nos servimos para nos expressarmos no mundo. Para nós, tudo tem significação: a comida que comemos, a roupa que vestimos, a música que ouvimos, os lugares que frequentamos, até mesmo nosso jeito de andar e de gesticular são sistemas simbólicos complexos e que falam eloquentemente a respeito de nós.
Quando transferimos esse conhecimento para o âmbito da comunicação interpessoal, para o chamado diálogo, adquirimos enorme vantagem, porque ficamos mais qualificados para extrair as verdades que muitas vezes se encontram ocultas ou que insistem em não serem expressas de modo claro.
Na comunicação dialógica, o sistema linguístico verbal é apenas a base do conjunto de significados que são expressos. Pode-se dizer que esse sistema é responsável pela chamada informação de superfície, aquela que está aparente.
Existe, contudo, todo um conteúdo não aparente, dito subliminar, que, vem à tona por meio de códigos não verbais, mas perfeitamente decodificáveis à luz de uma interpretação profunda. São gestos, olhares, expressões, entonações, entre outros, que alteram significativamente o conteúdo daquilo que está sendo verbalizado. Nesse contexto, um mesmo enunciado, contando com as mesmas palavras, pode conter mensagens absolutamente distintas.
Quem cumpre, por exemplo, o rito social de cumprimentar uma pessoa na rua, ou no local de trabalho, serve-se de expressões interjetivas padronizadas e, por si mesmas quase desprovidas de significação. Um “bom dia!” deve ser interpretado não pelos dois vocábulos que o compõem, mas pelo modo como é dito.
Saber disso e, acima de tudo, saber aplicar esse conhecimento pode ser fundamental em algumas circunstâncias da vida, pois pode significar a diferença entre a verdade e a mentira, entre a sinceridade e a enganação.
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