Ainda ontem estive acompanhando na mídia a repercussão de mais um caso de violência praticada contra homossexuais. Desta vez foi um grupo de rapazes em São Paulo que teria investido contra um grupo de gays que teria tentado paquerá-los.
Não pretendo comentar o episódio em si, até porque não tenho suficientes informações sobre o caso, mas lembrei me de que há muito eu prometera um artigo autônomo sobre homossexualidade e surgiu, então, o mote para isso.
Começo dizendo que não considero que a homossexualidade seja algo "natural". Repudio o discurso populista de quantos se manifestam afirmando ser uma coisa perfeitamente normal e rotineira. Para mim, natural é nascerem homens e mulheres e ambos, em determinada época de suas vidas, se unirem para constituírem uma família, dando sequência à trajetória da espécie na face do planeta.
Compreendo, contudo, que a vida em sociedade demanda de todos nós uma atitude de tolerância e respeito com as escolhas de cada um. Isso vale para tudo, incluindo a profissão, a opção política, a religião que se pratica, o time de futebol para que se torce, enfim, todas aquelas coisas que decorrem de escolhas personalíssimas, determinadas pelas idiossincrasias do indivíduo.
Essa compreensão me faz assumir uma atitude, não de aceitação, mas de convivência civilizada com a homossexualidade. Isso significa: não entendo, não admiro como maravilhoso, não acho natural, mas respeito o direito das pessoas de serem o que bem entenderem, desde que não causem danos aos outros. Essa postura, inclusive, está absolutamente de acordo com as disposições legais e constitucionais de não discriminação.
Existe, entretanto, uma parcela da comunidade gay que, seja por má-fé, seja por dificuldade de compreensão, insiste em não enxergar o que há de sensato em posturas como a minha. Alguns panfletários do movimento entendem que a existência da lei (o projeto de lei 122 em tramitação no Congresso Nacional) proibindo a discriminação aos homossexuais irá obrigar as pessoas a aceitarem a homossexualidade como algo bom, natural e desejável.
Pois bem, aos desavisados cabe informar: lei nenhuma tem o condão de fazer isso. Continuarei pensando como penso e, ao pensar assim, estou no pleno exercício de um direito. É a minha liberdade de consciência. Posso não hostilizar, mas posso igualmente me reservar o direito de não aplaudir, de não elogiar e de não ensinar a meus filhos que é natural e que eles podem ser homossexuais à vontade pois eu irei me sentir muito bem com isso. Nada no mundo pode me impedir de pensar assim
Volto a insistir: não hostilizaria ninguém por ser homossexual, não me interessa com quem as pessoas vão para a cama, desde que sejam adultas e não estejam prejudicando ninguém. Devo, contudo salientar que existem alguns comportamentos que contribuem sobremaneira para a discriminação dos gays em geral: devemos lembrar que ao nos dispormos a viver em sociedade, estamos fazendo um acordo com as pessoas que nos cercam e esse acordo pode ser sintetizado na Lei e nos usos e costumes de um povo. Esses usos e costumes dizem respeito a tudo o que fazemos e acabam por constituir aquilo que conhecemos por moral média da sociedade. É ela que diz o que é socialmente tolerável e o que não é. Posso até não concordar com alguns dos pressupostos adotados por essa moral, mas, desde que me proponho a fazer parte daquele grupo, devo me submeter a esse ditames.
Dentro desse balizamento, é impossível não admitir que parte considerável dos gays adota uma postura de impor para o grupo o seu modo gay de viver, como se o grupo fosse obrigado a aceitar goela abaixo muitos comportamentos que agridem a moral média da sociedade.
Lembro-me de um acontecimento ocorrido algum tempo atrás aqui em Brasília, em que um garçom retirou do bar dois homens que estavam se beijando na boca. O episódio gerou bastante polêmica e, alguns dias depois criaram um evento que foi intitulado “beijaço”, que ocorreu no mesmo bar, com todo mundo beijando quem quisesse durante algumas horas. Ridículo o fato, ridícula a reação, ridículas as pessoas que protagonizaram os dois acontecimentos
De minha parte posso dizer que sou casado (legalmente casado), eu e minha mulher nos amamos e temos um relacionamento íntimo perfeito, repleto de afetividade e de criatividade. Quando estamos em público, no entanto, procuro evitar manifestações muito efusivas de afetividade, pois entendo que algumas pessoas não veem com bons olhos excessiva troca de carícias, mesmo entre casais heterossexuais. E por que querer agredir, se para esses casos existem sempre quatro paredes para preservar a intimidade e a privacidade?
Que dizer então das ridículas paradas gay, onde avenidas inteiras são fechadas para, durante algumas horas, desfilar um cortejo bizarro que tem por único objetivo dizer ao grupo social “vocês são obrigados a nos engolir como somos”. Por que essa afirmação? Que eles apenas sejam e façam cumprir a lei quando forem molestados em seu direito de ser, sem tentar impor a quem quer que seja um comportamento que, embora deva ser tolerado em nome dos direitos humanos, jamais será visto como natural, por pessoas como eu, por exemplo.
Para finalizar, devo dizer que, há alguns anos, sou adepto do naturismo e sempre que posso pratico em clubes ou praias fechadas, onde todos os frequentadores concordam e apreciam essa atitude.
Qual seria a reação das pessoas, se, de repente, eu decidisse começar a sair na rua pelado, reivindicando e impondo à sociedade o meu direito de ser naturista?
Nenhum comentário:
Postar um comentário