A despeito do que sempre afirmaram alguns desafetos do esporte, eu continuo afirmando, como sempre fiz que futebol é coisa muito séria. Digo isso, porque, embora seja aparentemente apenas um esporte, é na verdade um evento que movimenta anualmente bilhões de dólares, está presente na maioria absoluta dos países do globo e se insere mesmo na própria tradição cultural de grande número de nações, devido às paixões que desperta.
Por tudo isso, ainda que para muitos sejam meras agremiações esportivas, qualquer grande clube de futebol é, na verdade, uma entidade que mexe com a vida e com o imaginário de milhões de pessoas, mobiliza multidões, gera empregos, impulsiona a economia e está entre os itens de patrimônio de estados inteiros.
Entendo, por isso mesmo, que já é tempo de o futebol ser visto e tratado com mais respeito, não só pelas instituições como um todo, mas fundamentalmente pelas instituições e pessoas diretamente ligadas ao próprio futebol, como as federações, confederações, comissões de arbitragens, tribunais desportivos, dirigentes de federação, dirigentes de clubes e, até mesmo, pelos líderes de torcidas organizadas. No Brasil, notadamente, pelo que representa o futebol para este país, essa preocupação deve ser potencializada ao extremo. Como esporte nacional e da expressão nacional, o futebol deve ser respeitado.
Isso, contudo, não vem acontecendo. Nem vou falar aqui dos problemas que envolvem as federações e confederações. O assunto que move esse artigo é uma nota da ANAF - Associação Nacional dos Árbitros de Futebol, publicada no site da entidade, fazendo um ataque ao Botafogo, por conta das reclamações do clube pela marcação do pênalti que culminou na eliminação na Copa do Brasil.
O tom desrespeitoso da referida nota demonstra claramente o despreparo inclusive ético de algumas pessoas que estão por trás da arbitragem nacional. Se assim não fosse, haveria espaço para um mínimo de reflexão que necessariamente conduziria à conclusão de que nos últimos anos - desde 2007, pelo menos - O Botafogo é o clube mais desastrosamente prejudicado por arbitragens incompetentes ou criminosas.
Criminosas, sim, porque erros grosseiros e bisonhos - como os da Sra. Ana Paula na antológica partida contra o Figueirense em 2007 - jogam por terra o trabalho árduo de meses e não acarretam quaisquer consequências para aqueles que os praticam.
Sugiro aos representantes da ANAF que procurem assistir aos lances polêmicos que vem gerando as sucessivas reclamações do Botafogo e, de posse de um exemplar da regra, avaliem se o problema é de "choro", como eles sarcasticamente afirmam na nota em questão. Comecem pela partida Botafogo X Figueirense de 23/05/2007, continuem pela avaliação dos dois jogos da final do campeonato carioca daquele ano, respectivamente em 29/04 e 06/05/2007, observando que em relação ao jogo final, o próprio árbitro da partida, Sr. Djalma Beltrâmi, admitiu publicamente que errou ao anular um gol lícito de Dodô que poderia ter dado o título ao Botafogo. Prossigam com a análise de Botafogo X São Paulo pelo campeonato brasileiro daquele ano, realizado no dia 08/08/2007.
Avancem então para o dia 24/02/2008, final da Taça Guanabara, Botafogo X Flamengo e emitam sua opinião sobre aquela vergonha que foi a atuação do árbitro rubro-negro e que tirou outro título do Botafogo, já que ele venceu também o segundo turno.
Passem, então, para 2009 e verão que o Botafogo lutou até a última rodada contra um rebaixamento que, se tivesse ocorrido, seria mais uma vez debitado à arbitragem. Se acharem que não, avaliem os lances do jogo Botafogo X Flamengo, ocorrido em 19/07/2009. É aquele jogo em que o árbitro numa atitude alquímica transformou um 3 X1 para o Botafogo em um honroso 2 X 2 para o Flamengo. Se não ficarem satisfeitos com esse, analisem, então, o jogo de 23/08/2009 entre Botafogo e Corinthians, onde mais uma vez, magicamente, o árbitro transformou um 3 X1 para o Botafogo em 3 X 3.
Até aí, já são três títulos tirados ao Botafogo pelas péssimas arbitragens. Veio o ano de 2010 e, embora naquele ano não tenha havido episódios vergonhosos, houve a sucessão de pequenos erros ao longo do Brasileirão, como expulsões ridículas que desfalcavam o time, inclusive para as partidas posteriores e, novamente, o Botafogo sai prejudicado.
Agora, em 2011, já temos o episódio da partida contra o Avaí e o famoso pênalti marcado aos 42 minutos do segundo tempo. Resta esperar que as reclamações do clube surtam algum efeito e que os árbitros sejam mais cuidadosos daqui para frente; pelo menos até que a FIFA, numa atitude de bom senso, decida implantar o recurso tecnológico para decidir lances polêmicos em todas as partidas oficiais de futebol.
Quanto ao tom jocoso assumido pela ANAF, cabem alguns esclarecimentos: chamar de "choro" a justa indignação contra prejuízos advindos de injustiças flagrantes é demonstrar descompromisso com a verdade. Quanto aos problemas do clube, ressaltados na aludida nota, fique claro que devem ser tratados pelo próprio clube, exclusivamente e não podem servir para justificar os erros daqueles que deveriam primar pela imparcialidade e pela lisura em sua atuação profissional.
Como torcedor - e tenho certeza de que falo pela esmagadora maioria da nação alvinegra - exijo, no mínimo, respeito a uma instituição centenária que detém o carinho e a paixão de cinco milhões de brasileiros - contingente maior que a população de muitos países - e que abarca em sua história grande parte do brilho e da glória que o futebol já proporcionou ao Brasil. Se o Brasil é impensável sem o futebol, o futebol brasileiro é impensável sem o Botafogo de Futebol e Regatas. Tanto assim o é que a FIFA já nos colocou entre os maiores clubes do século. Curvem-se e respeitem.
Botafogo sempre!
Saudações Alvinegras.
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