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Frases Célebres

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Cadeira na ABL? Quero Não.




A grande sensação da semana passada, ganhadora inconteste do prêmio Pataquada Insólita (que eu acabei de instituir para homenagear feitos como este), vem da Academia Brasileira de Letras que, na segunda-feira, dia 11/04/2011 agraciou Ronaldinho Gaúcho com uma medalha, em cerimônia alusiva ao aniversário de cento e dez anos de nascimento de José Lins do Rego.
O mote para essa homenagem inacreditavelmente insólita seria o fato de o escritor em questão ter sido um flamenguista apaixonado (o que já soa bastante estranho, pois que, regionalista convicto, deveria ter torcido pelo Treze, ou pelo Botafogo da Paraíba) que deixou inclusive um livro inteiramente dedicado ao clube.
Estranho mote, contudo, já que o aniversário de José Lins do Rego - se é que os dados biográficos estão corretos - se daria no dia 03 de junho, mas aí temos que levar em consideração que, os imortais da academia, até por serem imortais, podem usar algum outro calendário que não o gregoriano, o que facilmente explicaria essa diferença de 53 dias.
Que fique bem claro que a face anedótica da situação não está centrada no Ronaldinho em si. Isso porque ele é uma pessoa que fez suas escolhas na vida e notoriamente foi muito bem sucedido no resultado de tais escolhas. As pessoas são o que são e se ele, Ronaldinho, nunca teve interesse em leitura, isso obviamente não o impediu de exercer seu ofício com excelência.
O problema é que esse ofício nada tem a ver com os objetivos, com a razão de ser da ABL. Se me dão licença para uma consideração de cunho estritamente pessoal, diria que aparentemente a imortalidade não exclui a decreptude. É lamentável que o fanatismo apaixonado de alguns que deveriam primar por atitudes de bom senso venha a desaguar em acontecimentos anedóticos como esse.
Nada tenho contra as preferências futebolísticas de cada um. Eu também tenho as minhas e, por sinal, todo mundo que me conhece sabe quais são. Apenas acho que isso não justificaria eu utilizar qualquer função por mim exercida, para render homenagens ao meu querido Botafogo, ou a qualquer um de seus membros ou jogadores. Misturar as coisas nesse nível é demonstrar pouco senso de ridículo.
A ABL é uma instituição nacional, pertence ao povo brasileiro, não é propriedade de alguns que imaginam que a possam aparelhar para servir a seus interesses. Se é o caso de render homenagens ao time de futebol dos acadêmicos, então que se homenageie a todos, esculhambe-se de vez a coisa. A propósito, qual era o time de Machado de Assis? Outra coisa: quando chegar a vez de Mário Palmério, quero ver homenageado o glorioso Uberaba Sport Clube, senão não tem graça.
Mas a verdade é que não era para ter graça mesmo. Coisas ridículas como essa é que justificam a já antológica afirmação de De Gaule de que o Brasil não é um país sério. Cada dia mais eu tenho certeza disso. É tudo uma grande piada.

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